"Todos iguais, mas uns mais iguais que os outros ", já dizia o cantor Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaai, em muitas de suas letras que nos remetem a reflexões e pensamentos sobre sociedade, política e sobre nós mesmos. Assunto polêmico, a meritocracia tem entrado em vários dos círculos de discussões no meio social brasileiro.
Venho, neste espaço, convidá-los a uma reflexão sobre o tema. Tempos atrás, li um artigo de William Douglas, hoje Juiz Federal, que ficou famoso por ser o "guru dos concurseiros", dando dicas de como passar em concursos e "vencer na vida". Na ocasião, Douglas argumenta o porquê mudou de opinião com relação às cotas para negros(antes era contrário, hoje é a favor). Apesar de não ser este meu foco(as políticas afirmativas) neste momento(já deixo o convite para uma reflexão posterior), ela me fez refletir sobre a meritocracia no Brasil, pois, de certa maneira, as ideias convergem.
Será ela(meritocracia), um sistema de gestão justo, em um país com uma desigualdade social e econômica desumana? Os filhos dos mais pobres competem em iguais condições com os dos mais ricos? Será que partem da mesma condição aos 17 anos, quando competem uma vaga na universidade pública? ou após os 18 anos, em um concurso público? Em um país onde o instituto escravidão vigorou por quase 400 anos, e a educação primária nunca foi levada realmente a sério, acredito que não. Há outros "pesos do passado" que empacam nosso rumo ao desenvolvimento econômico e social igualitário, e acabam por travar uma batalha com as ideias que vinculam ser a meritocracia uma ótima saída para a nação.
Vários podem me perguntar, e já ouvi estes argumentos(apesar de respeitá-los), que hoje as informações "estão aí", quem quiser crescer é só "ter vontade". Será mesmo? O meio social daqueles que nunca foram estimulados à educação, à leitura, ao pensamento prospectivo não tem relevância no seu processo de desenvolvimento? Mas existem exemplos, aqueles que conseguem, que são verdadeiros heróis, e vencem na vida!
Caro leitor, não acredito que devamos exigir apenas heroísmo das classes sociais que disputam em desigualdade pelos bens e recursos escassos. É muito egoísta da nossa parte, creio, pensarmos assim. O assunto é longo, o problema imenso, e sua mudança requer esforços de toda a sociedade. A transformação de uma sociedade doente não ocorre da noite para o dia. Somente a longo prazo poderemos colher os frutos de um país que invista em seus cidadãos, muitos dos quais tolhidos de sua própria cidadania. Mas como fazê-lo? Fica a reflexão.
OBS: A única correção que faço com relação à imagem diz respeito a tarja sobre "professor com ideias liberais". Creio que a pré-conceituação em qualquer vertente política, que nos vincule apenas a certas ideias, e nos cegue para o resto, empobrece o diálogo, o que não é objetivo do texto em questão.
Um dos grandes grandes problemas em nosso país é a enorme desigualdade social, enquanto governos e sociedade civil não fizerem nada para mudar esta situação, a meritocracia seletiva continuará existindo.
ResponderExcluirEm alguns casos, eu acho a meritocracia necessária, como por exemplo em uma empresa, ao meu ver os mais dedicados devem ser valorizados.
Porém, em uma visão macro, realmente a situação é complicada, os que tiveram menos oportunidades tem muito menos chances de se dar bem na vida dos que os que nasceram em berço de ouro.
Um abração e parabéns pelo texto!
Ótima reflexão! Nada é mais revolucionário do que a educação e a cultura. Cada um que acredita e faz sua parte ajuda a mudar um pouco o País em que vive! Parabéns aos Campani! :)
ResponderExcluirAbraço
obrigado! Com certeza, acredito muito na mudança pela educação, cultura e esporte! Mas nossos governantes, e nós mesmos como povo em geral, ao longo desses séculos, parecem que não acreditam e deixam, a cada exercício de mandato e nos círculos de discussões atuais, esses temas essenciais fora da pauta. Há de ter diálogo, produção e valorização! Abraço
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