James Ensor: Entrada de Cristo em Bruxelas |
A expressão é um movimento do interior para o exterior. O expressionismo se põe como antítese do impressionismo, mas o pressupõe; ambos são movimentos realistas.
No tema da existência insistem os dois maiores pensadores da época, Bergson e Nietzsche, que exercem uma profunda influência sobre, respectivamente, o movimento francês dos Fauves e o alemão da Brücke.
Henri Matisse: Retrato com Risca Verde, 1905 |
O grupo dos Fauves não é homogêneo e não tem um programa definido, a não ser o de se opor ao decorativismo hedonista do Art Nouveau e à inconsistência formal, à evasão espiritualista do simbolismo. Em torno de Henri Matisse (1869-1954) encontram-se A. Marquet (1875-1947), K. Van Dongen (1877-1968), R. Dufy (1877-1953), A. Derain ( 1880-1954), O. Friez (1879-1949), G. Braque (1882-1963), M.. Vlaminck (1876-1958). Os Fauves não dispunham de uma bandeira ideológica; sua polêmica social estava implícita em sua poética.
O principal objetivo da pesquisa era a função plástico-construtiva da cor, entendida como elemento estrutural da visão.
O que os Fauves querem destacar é a estrutura autônoma do quadro.
Andre Derain: Mulher de combinação, 1906 |
Repatriar Gauguin, trazê-lo de volta ao mundo do qual se exilara voluntariamente e que o transformará agora como salvador ou profeta - eis aí outro motivo da poética dos Fauves.
Parece difícil conciliar a classicidade, o impressionismo universal de Matisse com a qualificação de expressionista. Mas a expressão da alegria é tão expressão quanto a expressão da dor de viver e pode-se expressar a alegria de viver sem representar a vida. Matisse não traz ao quadro o equilíbrio, a simetria da natureza. Seu procedimento é inteiramente aditivo: cada cor sustenta, impulsiona, acentua as outras num interminável crescendo.
Foi a irrupção imprevista, subversiva de Picasso que, em 1907, determinou a crise dos Fauves.
Kirchner: Cartaz Die Brücke, 1910 |
Die Brücke propõe a união dos "elementos revolucionários e em efervecência" para constituir uma frente comum contra o "impressionismo". Ao realismo que capta, contrapõe-se um realismo que cria a realidade. É preciso recomeçar a partir do nada. Os temas dos expressionistas alemães geralmente estão ligados à crônica da vida cotidiana. Em suas obras percebe-se uma espécie de incômodo, de indisfarçada rudeza.
Não se compreende a estrutura da imagem pictórica ou plástica dos expressionistas alemães, a não ser que se procurem suas raízes nas gravuras em madeira.
A cor na pintura, o bloco (em geral madeira) na escultura não constituem um meio ou uma linguagem para manifestar as imagens, mas uma matéria que, sob a rude ação da técnica, torna-se imagem.
Ernst Ludwig Kirchner: Marcella, 1910 |
O atributo implica um juízo, uma postura moral ou afetiva em relação ao objeto a que se aplica; como o juízo se apresenta à percepção juntamente com o objeto, ele se manifesta como deformação ou distorção do objeto.
A poética expressionista é a primeira poética do feio: o feio, porém, não é senão o belo decaído e degradado.
Somente a arte, como trabalho criativo, poderá realizar o milagre de converter em belo o que a sociedade perverteu em feio. Daí o tema ético fundamental da poética expressionista: a arte não é apenas dissensão da ordem social constituída, mas também vontade e empenho de transformá-la.
Egon Schiele: Auto-Retrato |
O. Kokoschka (1886-1980), partindo de Klimt, logo entra em contato com os expressionistas alemães. Lançando uma ponte entre o expressionismo e o impressionismo, a pintura de Kokoschka teve ampla repercussão na Europa, especialmente após a primeira guerra mundial.
Die Brücke dissolveu-se em 1913, quando o novo grupo Der blaue Reiter já havia iniciado a pesquisa em sentido não-figurativo. Quase se opondo a essa orientação menos engajada na problemática social, agudizando pela derrota na guerra, forma-se a corrente, ainda tipicamente expressionista, da Neue Sachlichkeit ("nova objetividade"), que quer apresentar uma imagem atrozmente verdadeira da sociedade alemã do pós-guerra. A ela pertencem M. Beckmann (1884-1950), O. dix (1891-1968) e G. Grosz (1893-1959).
Fonte:
ARGAN, Giulio C. Arte Moderna, SP: Martins Fontes, 1992. p. 227-242.
Olá Raul!!!
ResponderExcluirA arte é mesmo fascinante, é possível ficar contemplando uma obra por horas sem sentir o tempo passar tamanho impacto que causa toda essa forma de expressão. Que bom que em PORTO ALEGRE tem ótimas galerias e museus.
Pois é, nosso clima é bem maluco, às vezes no mesmo dia faz as 4 estações do ano. Hoje mesmo marcando 30 graus eu achei super agradável, não parecia tão calor e o céu azul estava muito lindo.
Bom fim de semana!!!
Bjs :)
Cheguei aqui, pela Genealogia (vi a árvore genealógica), mas "passeando" pelo blog vejo História da Arte e outras expressões do Belo. Voltarei, com certeza, Raul.
ResponderExcluirUm abraço,
da Lúcia