Auto-Retrato de Gauguin |
Conforme Hauser (1972), a época do impressionismo produz dois tipos extremos do artista moderno afastado da sociedade: os novos boêmios e os que se refugiam da civilização ocidental em terras distantes e exóticas. Uns e outros são o produto do mesmo sentimento, do mesmo "desconforto com cultura", com a única diferença, que os primeiros escolhem a "emigração interna", os outros a fuga verdadeira. Ambos porém, vivem a mesma vida abstrata, separada da realidade imediata e da atividade prática; ambos se expressam em formas que devem, inevitavelmente, parecer cada vez mais estranhas e ininteligíveis à maioria do público. A viagem a terras remotas - fuga da civilização moderna - é tão velha como o protesto boêmio contra a vida burguesa. Ambos tem a sua origem na irrealidade romântica e no individualismo, mas transformaram-se, entretanto, e a forma na qual entram agora na experiência do artista, mais uma vez deve-se atribuir-se principalmente a Baudelaire. Os românticos procuravam ainda a "flor azul", a terra de sonhos e ideais. É esta a verdadeira fuga, a viagem ao desconhecido, que se empreende, não porque se é tentado, mas porque está nauseado por qualquer coisa.
Porém Argan (1993), ao falar de Gauguin, diz que, seu entusiasmo pela natureza e pelos povos de terras distantes não é uma retomada do exotismo romântico: na Martinica e na Polinésia, não procura algo novo ou diferente, mas a realidade profunda do próprio ser. Não explora o mundo em busca de sensações novas, explora a si mesmo para descobrir as origens, os motivos remotos de suas sensações.
Gauguin exagera? Sem dúvida alguma, mas ele quer ir mais longe. Ser um selvagem. "Não ter mais mulher, filhos que nos reneguem. Que importa a calúnia. A miséria. Fazer tudo o que é proibido e reconstruir, com mais ou menos sorte, sem medo de ir além. Exagerando mesmo (...) Quem quiser que reivindique para si as influências! Que me importa! O que importa mesmo é o que estou fazendo agora e que vai abrir as portas da arte do século XX. Nada acontece por acaso."
O futuro deu razão a "esse pequeno manuscrito feito às pressas", como ele diz a André Fontainas, a quem envia assim que acaba de escrever, a fim de que este o publique no Mercure de France.
OBS: Continua na postagem: Gauguin, O Princípio de uma Lenda
Referências: Clique aqui
Porém Argan (1993), ao falar de Gauguin, diz que, seu entusiasmo pela natureza e pelos povos de terras distantes não é uma retomada do exotismo romântico: na Martinica e na Polinésia, não procura algo novo ou diferente, mas a realidade profunda do próprio ser. Não explora o mundo em busca de sensações novas, explora a si mesmo para descobrir as origens, os motivos remotos de suas sensações.
Gauguin exagera? Sem dúvida alguma, mas ele quer ir mais longe. Ser um selvagem. "Não ter mais mulher, filhos que nos reneguem. Que importa a calúnia. A miséria. Fazer tudo o que é proibido e reconstruir, com mais ou menos sorte, sem medo de ir além. Exagerando mesmo (...) Quem quiser que reivindique para si as influências! Que me importa! O que importa mesmo é o que estou fazendo agora e que vai abrir as portas da arte do século XX. Nada acontece por acaso."
O futuro deu razão a "esse pequeno manuscrito feito às pressas", como ele diz a André Fontainas, a quem envia assim que acaba de escrever, a fim de que este o publique no Mercure de France.
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