Conforme visão metropolitana, a América Latina não cria estéticas, apenas repete-as.
Porém, Torres Garcia, num artigo de 1935, fez um desenho no qual ele inverte a posição do mapa do Continente, inaugurando a vertente cartográfica.
Temos artistas, que desde muito tempo integraram o ecúmeno da arte universal, como temos arte, isto é, teorias estéticas.
A arte latino americana participa de uma cultura a ser descoberta, conquistada. Na verdade antes de ser conquistada a arte serviu à conquista. O Barroco serviu à dominação política da América Latina.
Muitos artistas europeus viajaram pela América Latina no séc. XIX, integrando missões científicas.
Em 1978, Pierry Restany realizou uma expedição à Amazónia acompanhado de Franz Krajberg e Sepp Baenderecck. que resultou na publicação do "Manifesto do Rio Negro".
Hoje a neocolonização coloca nossas tradições culturais nos museus metropolitanos, como se fossem troféus de caça e excluem a nossa criação atual das grandes mostras internacionais. Apesar de que na últimas décadas a situação melhorou, já vemos lalino-americanos integrando destacadamente as grandes bienais e mostras internacionais como a Documenta de Kassel.
Porém as culturas dominantes se arrogam o privilégio da novidade, definindo as regras da temporalidade. Em função disso condenam as culturas periféricas a serem meros receptores de mensagens alheias.
Muitos artistas e teóricos de arte se transferiram para alguns países latino-americanos durante a 2* Guerra.
Em 1958 Júlio Lê Parc consegue uma bolsa de estudos do Governo Francês. Lá fundara o Groupe de Recherche de Art Visuel, que reorientou o cinetismo francês, levando-o para a rua, na forma de happenings coletivos.
Os norte americanos foram atraídos inicialmente pelos muralistas mexicanos, enquanto a Europa, pelos artistas construtivos.
Em 1946, Lúcio Fontana, prepara o terreno para o surgimento da arte Povera que teve ramificações na Alemanha.
A história da arte sobretudo aquela mais particular da vanguarda, valoriza apenas os momentos de ruptura. Mas os autores dessa história se esquecem de analisar os desdobramentos desses movimentos. Esses desdobramentos resultam frequentemente em produtos híbridos.
A arte latino-americana tem uma vocação para a arte construtiva. Um construtivismo impuro, que não exclui a figura e o símbolo, a mancha e as imprecisões da linha.
Da mesma forma, o cinetismo latino-americano é outro. É tátil e participativo.
Existe entre nós, latino-americanos, uma cultura do toque.
Uma das características principais do neoconcretismo brasileiro é a participação do espectador. Os bichos de Lygia Clark e os parangoles de Hélio Oiticica são exemplos disso.
O cotidiano da América Latina está contaminado pela política, pelos problemas sociais e
económicos.
Para escrever uma história da arte latino-americana é preciso conhecer a história política do continente.
Nos anos 60/70, quando na maioria dos países do Cone Sur a repressão era muito dura, foi preciso usar reiteradamente a metáfora para se dizer aquilo que não se podia falar abertamente.
Na América Latina os artistas como os revolucionários se reúnem para dar respostas imediatas a situações contigenciais. se reúnem para opinar, protestar, interferir nos processos sociais e políticos.
Construir uma história da arte latino-americana significa des-construir a história da arte metropolitana. Significa incluir na história da arte universal a diferença.
O artista do centro parece desconhecer sua identidade, pois supõe que possui de origem, porém exige do artista latino-americano que prove todo tempo sua identidade.
Catherine Davidà se pergunta: "É possível uma arte experimental de vanguarda num país subdesenvolvido?"
Claro que é possível, Oiticica é o melhor exemplo, Lygia Clark, outro, Cildo Meireles e Victor Gippo outros. A verdade é que o centro começa a ser transformado pelas margens.
A antropofagia de Oswald de Andrade nos ensina que se necessário, devemos ser insolentes, tanto na defesa de nossa tradições quanto na absorção do que vem de fora.
Referência Bibliográfica:
MORAIS, Frederico, Reescrevendo a história da arte latino-americana. In: I Bienal do Mercosul. Porto Alegre, FBAAVM, 1997, p. 12-20 [Catálogo]
Porém, Torres Garcia, num artigo de 1935, fez um desenho no qual ele inverte a posição do mapa do Continente, inaugurando a vertente cartográfica.
Temos artistas, que desde muito tempo integraram o ecúmeno da arte universal, como temos arte, isto é, teorias estéticas.
A arte latino americana participa de uma cultura a ser descoberta, conquistada. Na verdade antes de ser conquistada a arte serviu à conquista. O Barroco serviu à dominação política da América Latina.
Muitos artistas europeus viajaram pela América Latina no séc. XIX, integrando missões científicas.
Em 1978, Pierry Restany realizou uma expedição à Amazónia acompanhado de Franz Krajberg e Sepp Baenderecck. que resultou na publicação do "Manifesto do Rio Negro".
Hoje a neocolonização coloca nossas tradições culturais nos museus metropolitanos, como se fossem troféus de caça e excluem a nossa criação atual das grandes mostras internacionais. Apesar de que na últimas décadas a situação melhorou, já vemos lalino-americanos integrando destacadamente as grandes bienais e mostras internacionais como a Documenta de Kassel.
Porém as culturas dominantes se arrogam o privilégio da novidade, definindo as regras da temporalidade. Em função disso condenam as culturas periféricas a serem meros receptores de mensagens alheias.
Muitos artistas e teóricos de arte se transferiram para alguns países latino-americanos durante a 2* Guerra.
Em 1958 Júlio Lê Parc consegue uma bolsa de estudos do Governo Francês. Lá fundara o Groupe de Recherche de Art Visuel, que reorientou o cinetismo francês, levando-o para a rua, na forma de happenings coletivos.
Os norte americanos foram atraídos inicialmente pelos muralistas mexicanos, enquanto a Europa, pelos artistas construtivos.
Em 1946, Lúcio Fontana, prepara o terreno para o surgimento da arte Povera que teve ramificações na Alemanha.
A história da arte sobretudo aquela mais particular da vanguarda, valoriza apenas os momentos de ruptura. Mas os autores dessa história se esquecem de analisar os desdobramentos desses movimentos. Esses desdobramentos resultam frequentemente em produtos híbridos.
A arte latino-americana tem uma vocação para a arte construtiva. Um construtivismo impuro, que não exclui a figura e o símbolo, a mancha e as imprecisões da linha.
Da mesma forma, o cinetismo latino-americano é outro. É tátil e participativo.
Existe entre nós, latino-americanos, uma cultura do toque.
Uma das características principais do neoconcretismo brasileiro é a participação do espectador. Os bichos de Lygia Clark e os parangoles de Hélio Oiticica são exemplos disso.
O cotidiano da América Latina está contaminado pela política, pelos problemas sociais e
económicos.
Para escrever uma história da arte latino-americana é preciso conhecer a história política do continente.
Nos anos 60/70, quando na maioria dos países do Cone Sur a repressão era muito dura, foi preciso usar reiteradamente a metáfora para se dizer aquilo que não se podia falar abertamente.
Na América Latina os artistas como os revolucionários se reúnem para dar respostas imediatas a situações contigenciais. se reúnem para opinar, protestar, interferir nos processos sociais e políticos.
Construir uma história da arte latino-americana significa des-construir a história da arte metropolitana. Significa incluir na história da arte universal a diferença.
O artista do centro parece desconhecer sua identidade, pois supõe que possui de origem, porém exige do artista latino-americano que prove todo tempo sua identidade.
Catherine Davidà se pergunta: "É possível uma arte experimental de vanguarda num país subdesenvolvido?"
Claro que é possível, Oiticica é o melhor exemplo, Lygia Clark, outro, Cildo Meireles e Victor Gippo outros. A verdade é que o centro começa a ser transformado pelas margens.
A antropofagia de Oswald de Andrade nos ensina que se necessário, devemos ser insolentes, tanto na defesa de nossa tradições quanto na absorção do que vem de fora.
Referência Bibliográfica:
MORAIS, Frederico, Reescrevendo a história da arte latino-americana. In: I Bienal do Mercosul. Porto Alegre, FBAAVM, 1997, p. 12-20 [Catálogo]
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