Les Demoiselles d'Avignon, Óleo sobre tela, Picasso, 1907 |
Em 1871, devido a derrota da Comuna de Paris, onde ocorre o massacre de 30 mil parisienses, esta unidade é quebrada e é a partir da "crise" dessa unidade que nasce a arte de vanguarda.(2)
A partir de então, surgem várias manifestações individuais que indicam para o século XX, um segundo tempo das manifestações de revolta, o tempo da organização dos movimentos, as vanguardas históricas.
Tivemos três artistas que podem ser considerados as marcos dessas vanguardas:
Van Gogh, com seu furor evangélico, cai como uma tempestade sobre suas telas - o mundo distorcido, em crise - ele era como uma antena que captava isso tudo, usava a cor como metáfora dos sentimentos, pode-se dizer que ele apontou para o expressionismo.
Paul Gauguin representou a fuga da sociedade industrial, também usava a liberdade em relação às cores para representar seus sentimentos. O fauvismo foi o estilo que o seguiu.
E Paul Cezanne tentou reorganizar a natureza nos seus quadros através da razão, deu encaminhamento para o cubismo.
Com a invenção da fotografia, os artistas não tinham mais vinculação obrigatória com a representação do mundo de forma naturalista e tinham de pensar em termos de uma nova visualidade que fosse mais livre para expressar os seus sentimentos em relação ao mundo e/ou organizar as obras das maneiras com que eles achavam melhor.
Surgiram então várias vanguardas históricas, até chegar no abstracionismo. A experiência abstrata deixou a sua marca profunda na História da arte contemporânea.(3) Dizia Kandinsky: "O conteúdo é o complexo dos efeitos organizados segundo uma finalidade interior."(4) A pintura chegou a um extremo, não precisava mais representar a realidade e sim os sentimentos internos dos artistas.
A arte encaminhou-se após para um processo de sua desmaterialização. Conforme Kosuth, foi através do primeiro ready-made não modificado de Marcel Duchamp que a arte deixou de enfocar a forma da linguagem, para preocupar-se com que estava sendo dito. (...) Esta mudança de "aparência" para "concepção" - foi o fim da arte moderna e o início da arte conceitual. (...) O valor dos artistas posteriores a Duchamp pode ser medido de acordo com seu questionamento a respeito da natureza, da arte(...),(5)
Hoje temos mais uma mudança radical em termos tecnológicos, com o advento da informática. Conforme Diana Rodrigues, se a história da arte é marcada pelo desenvolvimento científico e tecnológico e com o espírito de cada época, o fenômeno artístico cultural deve ser constantemente reavaliado.(6)
A informática é mais uma ferramenta poderosa para podermos continuar a realizar arte, devido a sua rapidez e possibilidades de realizações, desde que ela signifique uma conquista que ajude o homem a crescer.
Estamos em uma crise não só econômica, mas também filosófica e espiritual, o homem não sabe mais que rumo tomar, as ideologias estão ficando ultrapassadas. Como disse Arlindo Machado "as velhas ideologias não dão conta das interrogações do homem contemporâneo".(7)
A prática artística tem de estar sintonizada com os valores que dominam a época, não apenas para concordar com os mesmos, mas também para questioná-los.
Muitas barreiras, como o naturalismo e o valor excessivo dado ao objeto formal, foram derrubadas ao longo da história da arte moderna. Houveram topos, como o abstracionismo e a arte conceitual, que ao meu ver foram muito importante para quebrar essas barreiras, mas só que muitas vezes também serviram para afastar o povo da arte, pois esses processos não foram devidamente acompanhados pelo homem comum, que não compreende certas obras, que parecem ser feitas apenas para alguns iniciados. Acho que o artista contemporâneo deve assimilar todas essas conquistas efetuadas na arte moderna, mas só que deve reconquistar aquele homem do povo, que foi a grande preocupação do início da arte moderna.
Referências bibliográficas:
(l)DEMICHELI, Mário. As Vanguardas Artísticas-do Século XX. SP: Martins Fontes, 1991, p. 5
(2) Idem p. 14
(3) Ibidem p. 250
(4) KANDINSKY, Wassiiy. Do Espiritual na Arte. SP: Martins Fontes-, 1990, p. 187
(5) KOSUTH, Joseph. Arte depois da Filosofia em "Malasartes", n°. l, Rio de Janeiro, 1975, p. 11
(6) DOMINGUES, Diana. "Como pensar a visualidade nesse finai de século?" em Pesquisa em Artes Plásticas. POA: Ed. UNIO/UFRGS/ANPAP, 1993, p. 59 e 60
(7) Idem p. 61
meus argumentos essa politica captalista sendo um problema para os artistas mais serviu de ispiraçao
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